ELIZANDRA SOUZA

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Abordagem psicanalítica da TPM

Apesar de todas as explicações feitas pela medicina, as questões relacionadas a este momento da vida da mulher ainda é crucial e suscita muitas perguntas. Porém, a psicanálise traz um outro olhar com relação à TPM.

Para a psicanálise existe relações mais profundas e particulares entre o momento da menstruação e as elaborações psíquicas femininas, tanto quanto é feito a relação entre sintomas e psiquismo, ou seja os conflitos inerentes da mulher e suas relações com o mundo e consigo mesma.

Há mais significações nestes momentos da vida feminina do que revelam as explicações puramente fisiológicas e de alterações hormonais, visto que, ainda que haja alterações físicas, as questões de posicionamentos, as instabilidades emocionais, os conflitos familiares emergem como se nestes momentos vigorassem tendências ao negativismo ou à baixa estima.

Existe um suporte simbólico que a menstruação oferece à mulher na representação social e cultural, que pende, mesmo nos dias atuais, às questões da maternidade. E nesta mistura de sintomas e conflitos, fica a mulher desestabilizada. A percepção da feminilidade, mesmo nas mulheres modernas, ainda é um enigma e surge nos seus discursos pelas vias da maternidade e do ciclo reprodutor.

Não é possível acreditar que a tensão pré-menstrual crie, simplesmente, os problemas sofridos pelas mulheres, sem fazer associação com as questões intrínsecas da vivência feminina. Os problemas relacionados ao trabalho, aos relacionamentos amorosos, aos filhos, ao seu próprio corpo, à família, frequentemente, são pontos chaves nos sintomas desta fase, principalmente, os sintomas psicológicos e emocionais.

Certamente não podemos desconsiderar as questões físicas e as alterações hormonais. Assim como, não podemos desconsiderar o sofrimento trazido pelos sintomas físicos (inchaços, dor nas mamas, cólicas, etc.) que devem, quando necessário, ser tratados com medicação.

Alguns autores colocam a tensão pré-menstrual como um evento biopsicossocial, pois atinge o corpo físico e emocional, atingem a mente nos aspectos cognitivos e reflexivos e atingem as relações sociais.

As mulheres reclamam de seus sintomas, mas muitas conseguem perceber quando e como estourar. Por exemplo, dificilmente uma mulher descarregará sua instabilidade emocional no chefe, mas fará com que o marido ou o namorado percebam sua irritabilidade, impaciência e sensibilidade exacerbada.

A TPM intensa sempre sugere que algo não está bem e é necessário que a mulher tente reconhecer suas insatisfações e seus conflitos para poder resolver seus verdadeiros problemas.


Elizandra Souza
Psicanalista
Diretora da Comissão de Ética do SINPESP
Professora de cursos de Formação em Psicanálise
www.elizandrasouza.com.br

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